Sagrado Coração de Jesus.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

ESPIRITUALIDADE FAMILIAR


“Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (Jo 15,5).

Seguir a Cristo. Permanecer em Cristo. Amar a Cristo. De maneira resumida poderíamos dizer que estas são características que pertencem a quem é discípulo de Jesus. Portanto, também podemos dizer que espiritualidade é o modo como seguimos, permanecemos e amamos a Cristo. Existem várias “portas” ou “vias” de espiritualidade na Igreja como forma de seguimento de Jesus. Seja a porta ou a via mariana, da liturgia, das diversas devoções ou das várias espiritualidades encontradas no seio da Igreja: Carmelitana, Beneditina, Franciscana, etc ou dos vários Movimentos Eclesiais: Renovação Carismática, Legião de Maria, Encontro de Casais com Cristo, etc.

Cada um se sente chamado a seguir o Senhor através das várias vias de espiritualidade. A partir de nosso encontro pessoal com Jesus começamos a cultivar nosso relacionamento com Ele, normalmente dentro de uma dessas vias. Porém, em todas elas, há um pressuposto de perseverança básica e fundamental para nosso relacionamento com o Senhor: a oração! Sem oração não há relacionamento com Deus. A oração é a forma de nosso interagir com Ele.

Quando tratamos de espiritualidade familiar, queremos dizer o caminho que a família como Igreja Doméstica se utiliza para o seu relacionamento com o Senhor. Por isso, não podemos dizer que há uma espiritualidade, um seguimento de Cristo na família se não há vida de oração pessoal, conjugal e familiar. Vejamos o que nos fala a respeito o Catecismo da Igreja Católica:

“A família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é ‘A Igreja doméstica’, onde os filhos de Deus aprendem a orar ‘na Igreja’ e a perseverar na oração. Para as crianças, particularmente, a oração familiar cotidiana é a primeira testemunha da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo.” (CIC 2685).

Rezar juntos. Isto é fundamental! Não vale mais a desculpa: não tenho tempo, minha vida é muito corrida! Oração em família é questão vital do relacionamento com Deus e, inclusive para a harmonia dos relacionamentos inter-pessoais na própria família. Na oração somos curados, pela oração aprendemos a perdoar, pela oração nos tornamos mais amigos de Deus e uns dos outros, pela oração nos entregamos e amamos a Deus e nos tornamos capazes de amar os irmãos e, pela oração os filhos são educados e formados.

Veja como a definiu Bento XVI:

“A oração não é algo acessório ou opcional, mas uma questão de vida ou morte. Somente quem reza, isto é, quem se confia a Deus com amor filial, pode entrar na vida eterna, que é o próprio Deus.” (Bento XVI – Quaresma de 2007).

Assim nós, os pais, que somos os primeiros responsáveis pela saúde espiritual de nossa família, devemos tomar a oração como algo que faz parte do cotidiano da família e com ela encontrarmos forças para lutar contra tudo aquilo que vem para nos afastar da própria oração e consequentemente da vida em Deus. Proclamemos com Jesus e como Jesus, no evangelho, com vigor e determinação: “…minha casa é uma casa de oração.” (Mt 21, 13). Meu irmão em minha irmã, faça dessa palavra uma ordem para sua vida e para sua família. Vida de oração é questão de atitude. Tenha a coragem de assumir essa atitude hoje para o bem e a salvação de sua família. Saia do comodismo, da letargia espiritual, das teias da embromação de satanás sobre a família. Precisamos lutar contra o modelo de família que o mundo e a sociedade querem impor para nós. Nós não a aceitamos. Queremos viver o modelo de família que está dentro do projeto de Deus e que Ele mesmo deixou expresso de maneira magnífica através de sua própria família, a Sagrada Família de Nazaré. Uma família que não deu espaço à preguiça, a letargia ou ao comodismo em cumprir a vontade de Deus e buscá-lo e ter comunhão com Ele através de uma intensa vida de oração. “A oração e a vida cômoda não combinam.” (Sta Tereza D’Ávila).

Por onde começar? Através da oração à mesa, por exemplo. A mesa/ refeição é lugar sagrado.
Jesus quando instituiu a Eucaristia, não a instituiu em um templo ou sobre um altar e sim sobre uma mesa de refeição e durante uma refeição, querendo também assim, deixar claro o caráter sagrado de que se reveste, principalmente, quando uma família se reúne em torno da mesa. Infelizmente, isso se perdeu na maioria das famílias, notadamente e dolorosamente, nas famílias que se dizem cristãs! Até mesmo em algumas famílias a mesa foi extinta! Foi trocada por um balcão! Os filhos comem à frente da TV ou do computador. Os pais, dando um péssimo exemplo, fazem o mesmo! Precisamos fazer um grande resgate desses valores perdidos. Quantas possibilidades de diálogo, amizade, partilha, perdão, crescimento, conhecimento pode-se fazer à volta da mesa? Mesmo que, hoje em dia, com toda a correria, afazeres, trabalho, estudo, horários diferentes, cada família, dentro de seu próprio ritmo, poderia, ao menos, eleger uma das refeições do dia ou algumas durante a semana para viver intensamente estes momentos que são apropriados para agradecer em família o pão nosso de cada dia!

Como é importantíssimo, dentro desse processo de educação familiar para a oração, a oração do casal e dos pais com os filhos. Quero trazer aqui duas pérolas de João Paulo II a respeito da importância da oração em família:

“A oração família tem as suas características. É uma oração feita em comum. Marido e mulher juntos, pais e filhos juntos. A comunhão na oração é, ao mesmo tempo, fruto e exigência daquela comunhão que é dada pelos sacramentos do batismo e do matrimônio.” (Familiaris Consortio, 59).

“A oração reforça a estabilidade e a solidez espiritual da família, ajudando a fazer com que esta participe da ‘fortaleza’ de Deus. Na solene ‘bênção nupcial’ durante o rito do matrimônio, o celebrante invoca deste modo o Senhor: ‘Efunde sobre eles (os recém-casados) a graça do Espírito Santo, a fim de que, em virtude do teu amor derramado nos seus corações, perseverem fiéis na aliança conjugal.’ É desta ‘efusão do Espírito Santo’ que dimana a força interior das famílias, bem como o poder de as unificar no amor e na verdade.” (Carta às Famílias, 4).

Fica muito claro e evidente que toda a harmonia e felicidade plena – que só se consegue em Deus (cf. CIC 27) – depende da qualidade de vida de oração entre os cônjuges e entre pais e filhos. Como é verdade e, se aplica muito bem aqui, aquele antigo ditado que diz: “Família que reza unida permanece unida!”

Fonte: www.sagradafamilia.org.br

OBJECTO DA CATEQUESE:


Mostrar a existência pessoal como resposta a um chamamento de Deus

OBJECTO DA CATEQUESE:
Mostrar a existência pessoal como resposta a um chamamento de Deus: a vida de filhos de Deus no seguimento de Jesus, participando da sua missão.
Meditar as passagens do Evangelho que ajudam a discernir os sinais do chamamento de Deus e convidam a responder com prontidão e alegria.

SÍNTESE:
1. O inconformismo, a radicalidade, a procura de autenticidade, são sentimentos que podem dinamizar o processo de crescimento e maturação.
2. Na origem da nossa vida há um chamamento; viver é responder. Criados à imagem de Deus, chamados a ser seus filhos, encontramos no seu Filho Jesus o esclarecimento do nosso destino.
3. O chamamento de Jesus mantém vivo o chamamento à existência e, ao mesmo tempo, concretiza-o. Responde às nossas perguntas e, ao mesmo tempo, abre-nos a novas metas.
4. Jesus torna os seus discípulos participantes da missão que o Pai lhe tinha confiado. O chamamento de Jesus é sempre para dar a vida: seja no sacerdócio ministerial, na vida de especial consagração ou na família cristã.
5. A resposta é livre, como livre é a iniciativa divina. A resposta positiva leva a abrir-nos a metas sempre novas, sempre mais altas.

TEXTO:

1. João Paulo II aos jovens:“Na realidade, é a Jesus a quem procurais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera quando não vos satisfaz nada do que encontrais; é Ele a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com essa sede de radicalidade que não vos permite ceder ao conformismo; é Ele quem vos incentiva a deixar as máscaras que muitas vezes falseiam a vossa vida; é Ele que vos lê no coração as decisões mais autênticas que outros tentam sufocar. É Jesus que suscita em vós o desejo de fazer da vossa vida algo grande, a vontade de seguir um ideal, a força de rejeição de vos deixardes levar pela mediocridade, a valentia de vos comprometerdes com humildade e perseverança a melhorar o vosso próprio ser e a sociedade, tornando-a mais humana e fraterna. Queridos jovens, (JOÃO PAULO II, Jornada mundial da Juventude, Roma, Agosto, 2000).

Cada um de vós tem que parar e pensar se são estes os sentimentos que mais frequentemente ocupam o seu coração: sonhar com a felicidade, sentir insatisfação com o que se vê em redor, sentir-se atraídos pela beleza, ter sede de radicalidade, deixar as máscaras que falseiam a vida, fazer da vida algo grande, seguir um ideal, fazer uma sociedade mais humana e fraterna. Cada um tem que parar e pensar se verdadeiramente se sente insatisfeito, se vive à procura de algo que preencha a sua vida.

João Paulo II não se limitava a afirmar o que com toda a probabilidade eram os sentimentos mais comuns dos jovens. Interpretava esses sentimentos e revelava o seu significado: “É Jesus a quem procurais, é Ele que vos espera, é Ele a beleza que vos atrai, é Ele quem vos provoca, é Ele quem vos dá força para deixar as máscaras, é Ele quem vos lê o coração, é Jesus quem suscita em vós o desejo. Dizendo sim a Cristo, dizeis sim a todos os vossos ideais mais nobres. Não tenhais medo de vos entregar a Ele. Ele vos guiará, vos dará a força para o seguir todos os dias e em cada situação.”

O chamamento de Jesus ressoa dentro de nós mesmos, na nossa própria vida. Na nossa insatisfação, na nossa busca, nos nossos desejos de radicalidade e de algo grande, podemos reconhecer a pergunta que fez Jesus aos discípulos de João Baptista, quando o seguiam sem saber para onde: “Que procurais?” (Jo 1,37). E podemos reconhecer também a resposta, que acertadamente, deram os discípulos: “Mestre, onde moras?” (Jo 1,39). Deixaram-se atrair por Jesus e consentiram em segui-lo.

2. Escutamos a palavra de Deus (Mc 1, 16-20; Lc 9, 59-62; Jo 1, 35-42)

EXISTIR É RESPONDER A UM CHAMAMENTO
A nossa existência não é puro azar, não fomos arrastados para o mundo, não existimos por casualidade ou por um absurdo. O Senhor tem um plano para cada um de nós, conhece-nos e chama-nos pelo nosso nome. Conta connosco para nos confiar uma missão: é o que estamos chamados a fazer na vida para tecer a história e contribuir para a edificação da sua Igreja, templo vivo da sua presença.

Na origem da nossa vida há um chamamento. Viver é percebê-lo, permanecer à escuta, ser valentes e generosos para responder. No final da nossa existência na terra seremos considerados servos fiéis que aproveitaram bem os dons que receberam.

CHAMADOS A VIVER COMO FILHOS DE DEUS
Fomos criados à imagem de Deus, para ser seus filhos, unidos pela acção do Espírito Santo a Jesus Cristo, que é o Filho. Estamos tão fortemente chamados a viver unidos a Jesus Cristo, que só na medida em que O conhecemos é que nos entendemos a nós mesmos e compreendemos o nosso destino. O Concílio Vaticano II disse-o assim: “O mistério do homem só se esclarece no mistério de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem” (Gaudium et spes 22). “Desde que existo, a minha existência não tem outro fim que não o próprio Cristo”, dizia o teólogo Henri de Lubac.

Sim, como filhos de Deus, estamos chamados a viver unidos a Jesus Cristo, o primeiro passo da nossa resposta é o Baptismo, pelo qual fomos feitos membros do seu Corpo. N’Ele se vai formando o povo dos chamados. A Humanidade inteira vai realizando em Cristo o destino a que está chamada como povo, como comunidade.

Ninguém melhor que Jesus Cristo, o Filho Eterno de Deus feito homem, nos pode falar e reproduzir, em nós próprios, a imagem de filho. Por isso nos convida a segui-lo, a ser como Ele, a partilhar a sua vida, a sua palavra, os seus sentimentos, a sua morte e ressurreição. O Filho de Deus fez-se homem para que o chamamento de Deus ressoe sempre em nós. Não existe uma só parábola no Evangelho, ou um encontro ou um diálogo, que não tenha um sentido vocacional, que não expresse, directa ou indirectamente, um chamamento por parte de Jesus. Segundo os relatos dos evangelhos, parece que Jesus deixa sempre a quem se encontra com Ele a mesma preocupação: “que fazer da minha vida?, qual é o meu caminho?”

CHAMADOS POR JESUS
A relação de Jesus com os seus seguidores não era como a dos restantes mestres. A forma como Jesus chamou os seus discípulos, a finalidade da dita chamada e as consequências que teve na vida daqueles que o seguiram são os maiores rasgos de novidade da experiência dos discípulos que encontramos no Evangelho.

O habitual era que um jovem buscasse uma escola ou um mestre para se fazer discípulo. Os discípulos dos rabinos procuram algo que lhes permita adquirir competências suficientes para rapidamente chegarem a mestres. Contudo, os discípulos de Jesus são eleitos. É Jesus quem dá o primeiro passo, chamando-os pessoalmente. É Ele quem chama e põe condições (Mc 1,16-20; Lc 9,59-62) com uma autoridade pouco comum.

Jesus não ensina uma doutrina, antes pede uma adesão incondicional à sua pessoa para fazer a vontade de Deus. Em nenhum dos grupos religiosos da época encontramos uma exigência de adesão pessoal como encontramos em Jesus. O imperativo Segue-me! constitui o núcleo do seu chamamento. Seguir Jesus constituirá o centro do estilo de vida dos seus discípulos. Ele sempre será o Mestre, e os chamados sempre serão discípulos.

A iniciativa de Jesus de chamar os discípulos e a autoridade com que chama revelam uma consciência singular de si mesmo. Ao actuar assim, Jesus situa-se no mesmo lugar que ocupa Deus nos relatos do Antigo Testamento, naqueles que se narra o chamamento de líderes e profetas do povo para uma missão concreta.

Chama a todos. É um chamamento universal. Rompe as barreiras do puro-impuro, pecadores-fiéis. Chama os publicanos que estão distantes da comunidade, inclusive os zelotas, ou aos simples pecadores iletrados. E a alguns chama-os para uma missão concreta.

A alguns, diz o evangelho de são Marcos, chamou-os para que “ficassem com ele e para os enviar a pregar”. Em primeiro lugar, para que estabelecessem uma nova relação com ele, uma relação que implica não só a aprendizagem da sua doutrina, como também partilhar o seu estilo de vida e identificar-se com o seu destino. Esta identificação com Jesus é, além disso, a condição para que os discípulos possam ser enviados a anunciar e tornar presente o reino de Deus.

O chamamento de Jesus inclui uma missão ou serviço: ser pescadores de homens, anunciar o reino de Deus.

O chamamento é urgente. A resposta deve ser rápida e sem reservas. Não valem recusas subtis, nem fazer-se de surdo. Perante a sua chamada não se pode falsear nada nem tomar tempo algum para fazer tarefas humanas. Ao chamamento de Jesus para o Reino os discípulos respondem imediatamente e com toda a sua vida.

Essa missão dos discípulos comporta o mesmo risco a que esteve sujeito o mestre.

JESUS RESPONDE ÀS NOSSAS PERGUNTAS
“Vinde e vereis” (Jo 1,39). Assim responde Jesus aos dois discípulos de João Baptista, que lhe perguntavam onde vivia. Nestas palavras encontramos o significado do ser discípulo de Cristo. Nesta cena tão comovedora reconhecemos todo o mistério da vocação cristã.

Os discípulos seguiram Cristo. Seguir Jesus é a expressão evangélica escolhida para designar o discipulado. Segue-se uma pessoa, e não um programa ou ideologia. Quando Jesus fala de atitude dos seus discípulos para com ele, Jesus diz: “seguir”. Como as ovelhas seguem o pastor (Jo 10,4.5.27). Seguir Jesus é confiar n’Ele, deixar-se iluminar por Ele: “Aquele que me seguir não caminhará nas trevas, antes terá a luz da vida” (Jo 8,12). A “obra” principal que o Pai pede a quem segue o seu Filho é que “creiam n’Ele” (Jo 6,29).

Os dois discípulos são convidados a seguir Jesus, vivendo com Ele e como Ele. É o chamamento que Jesus faz a todos os homens e mulheres. Um chamamento que, para ser escutado, requer procura e generosidade. De outro modo dificilmente será perceptível.
O cristianismo conquista os apaixonados pela verdade e pelo amor. Há mil e uma maneiras de procurar. Mas todos os corações anseiam o mesmo. Chama-se felicidade, amor, alegria, razões para viver, etc. São nomes mais ou menos felizes. Todos os nascidos de mulher, sabendo-o ou não, procuramos o mesmo.

Isso, atrás do qual o coração anda ansioso, tem um nome, toma forma, deixa-se ver, pode-se dizer que passa à nossa frente. Um verdadeiro cristão é aquele que se encontrou com o rosto de Jesus Cristo e este encontro não o deixou indiferente. Atrever-nos-emos a avançar pelo caminho que se abre à nossa frente? Seremos capazes do seguimento sincero e generoso de Jesus Cristo?

JESUS CHAMA A DAR A VIDA
Experimentaram-no os primeiros discípulos e todos os que o seguiram depois. Seguir Jesus consiste em compartilhar o seu próprio destino, em ser e fazer como Ele. Mais concretamente: viver a sua própria relação com o Pai e com os homens, seus irmãos. Os discípulos de Jesus aceitam a vida como um dom recebido das mãos do Pai, para “perdê-la” e derramar este dom sobre aqueles que o Pai lhes confiou.

A vida toda de Jesus, e todo o seu ser, gira em torno da missão. É nela que se concentra e se expressa a sua obediência ao Pai e o seu amor tão radical aos irmãos: “ninguém tem maior amor que este: o de dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).

Jesus torna os seus discípulos participantes da missão que recebeu do Pai. “Como o Pai me enviou a mim, também eu vos envio a vós” (Jo 20,21). Somos chamados, portanto, a reproduzir e a reviver os sentimentos do Filho, que se sintetizam no amor. Mas somos chamados a torná-lo visível de diversas formas, segundo as circunstâncias concretas, os dons recebidos, o modo de participar de cada um na missão de Jesus.

As modalidades serão diversas, mas a vocação fundamental dos discípulos é única: entregar a própria vida como fez Jesus. O envio é, com efeito, o mandamento da tarde de Páscoa (Jo 20,21), a última palavra antes de subir ao Pai (Mt 28,16-20).

JESUS CHAMA HOJE
“Jesus, ao convidar o jovem rico a ir muito mais além da satisfação das suas aspirações e projectos pessoais, diz-lhe: ‘Vem e segue-me’. A vocação cristã nasce de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: ‘Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem nenhum interesse humano, com uma absoluta confiança em Deus.

Os santos acolhem este convite exigente e, com humilde docilidade, seguem Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição, na lógica da fé que muitas vezes não se compreende bem, consiste em deixar de se colocar no centro e eleger avançar contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho.’

Seguindo o exemplo de tantos discípulos de Cristo, acolhei vós também com alegria, queridos amigos, o convite a segui-lo para viver intensamente e com fecundidade neste mundo. Pelo Baptismo, com efeito, chama a cada um de nós a segui-lo através de acções concretas, a amá-lo acima de tudo e a servi-lo nos nossos irmãos. O jovem rico, infelizmente, não acolheu o convite de Jesus e foi embora muito triste. Faltou-lhe a valentia para se desprender dos bens materiais e encontrar o bem incomparável que Jesus lhe propunha.

A tristeza do jovem rico do Evangelho é a que nasce no coração de cada um quando não se tem a valentia de seguir Cristo, de eleger a melhor opção. Mas nunca é demasiado tarde para lhe responder!

Jesus não deixa de voltar o seu olhar de amor e de convidar a ser seus discípulos, mas a alguns propõe-lhes uma opção mais radical.

Neste Ano Sacerdotal, queria exortar os jovens e adolescentes a estar atentos para saber se o Senhor não os está a convidar a um dom maior, pelo caminho do sacerdócio ministerial, e a estar disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de predilecção particular, empreendendo o necessário caminho de discernimento com um sacerdote ou com o seu director espiritual.

Não tenhais medo, queridos e queridas jovens, se o Senhor vos chama para a vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: ele sabe dar uma profunda alegria a quem lhe responde com valentia.

Convido, além disso, os que sentem a vocação ao matrimónio a agarrá-la com fé, comprometendo-se a construir bases sólidas para viver um grande amor, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.” (BENTO XVI, Mensagem aos Jovens na XXV JMJ, 2010).

3. A nossa resposta
UM ENCONTRO DE DUAS LIBERDADES
A história de toda a vocação cristã é a história de um diálogo entre Deus e o homem, entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que responde a Deus no amor. Um encontro de duas liberdades. Nada mais sagrado, nada que exija mais respeito.
A intervenção livre e gratuita de Deus que chama é absolutamente prioritária, anterior e decisiva. A primazia absoluta da graça na vocação encontra a sua proclamação perfeita na palavra de Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi a vós e vos destinei para que deis fruto e o vosso fruto permaneça.” (Jo 15,16)

Essa primazia da graça requer do homem uma resposta livre. Uma resposta positiva que pressuponha sempre a aceitação e a participação no projecto que Deus tem sobre cada um; uma resposta que acolha a iniciativa amorosa do Senhor e chegue a ser, para todo o que é chamado, uma exigência moral vinculante, uma oferenda agradecida a Deus e uma total cooperação no plano que Ele prossegue na história. Na vocação brilham ao mesmo tempo o amor gratuito de Deus e a exaltação da liberdade do homem; a adesão à chamada de Deus e a sua entrega a Ele.

“Para acolher uma proposta fascinante como a que nos faz Jesus, para estabelecer uma aliança com ele, faz falta ser jovem interiormente, capaz de se deixar interpelar pela sua novidade, para empreender com ele novos caminhos. Jesus tem predilecção pelos jovens, como o manifesta claramente no diálogo com o jovem rico (cf. Mt 19, 16-22; Mc 10, 17-22); respeita a sua liberdade, mas nunca se cansa de lhes propor metas mais exigentes para a sua vida: a novidade do Evangelho e a beleza de uma conduta santa.

Seguindo o exemplo do seu Senhor, a Igreja tem essa mesma atitude. Por isso, queridos jovens, ela olha para vós com imenso afecto; está próximo de vós nos momentos de alegria e de festa, tal como nos momentos de dificuldade e de prova; sustém-vos com os dons da graça sacramental e acompanha-vos no discernimento da vossa vocação.”

É POSSÍVEL RESPONDER “NÃO”
O jovem rico aproximou-se de Jesus perguntando pelo que lhe faltava. Desde pequeno que cumpria os mandamentos. Mas quando o jovem pergunta sobre o que lhe faltava: “Que me falta ainda fazer?”, Jesus olha-o com amor e este amor encontra aqui um novo significado. Jesus responde: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus, e por fim vem e segue-me!”.

O jovem é convidado a viver segundo a dimensão do dom, uma dimensão não só superior à das meras obrigações morais, como às vezes se consideram os mandamentos, mas profunda e fundamental. O jovem é convidado a passar da vida como projecto à vida como vocação.
O cristianismo só se pode viver em plenitude se se viver a partir do chamamento. “Se queres” diz o Senhor. Ele respeita a nossa decisão, a nossa liberdade.

A cruz e o ícone da JMJ


É conhecida como a "Cruz do Ano Santo", a "Cruz do Jubileu", a "Cruz da JMJ", a "Cruz Peregrina"; muitos chamam-lhe a "Cruz dos Jovens", porque foi entregue aos jovens para que a levassem por todo o mundo, a todos os lugares e em todo o tempo. Esta é a sua história:

Decorria em 1984 o Ano Santo da Redenção, quando o Papa João Paulo II decidiu que deveria estar uma cruz - como símbolo da fé - junto do Altar-mor da Basílica de São Pedro que todos pudessem ver. Assim, foi aí colocada uma grande Cruz de madeira, com 3,8 metros de altura, tal como ele desejava.

No final do Ano Santo, depois de fechar a Porta Santa, o Papa entregou essa mesma Cruz à juventude do Mundo, representada pelos jovens do Centro Internacional Juvenil São Lourenço, em Roma. Estas foram as suas palavras naquele momento: "Queridos jovens, ao encerrar o Ano Santo, confio-vos o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levai-a pelo mundo como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção" (Roma, 22 de Abril de 1984).

Os Jovens acolheram o desejo do Santo Padre. Levaram a Cruz para o Centro São Lourenço, que se converteu na sua morada habitual durante os períodos em que ela não estava em peregrinação pelo mundo.

Em 2003, no final da Missa dos Ramos, João Paulo II quis oferecer aos jovens uma cópia do ícone de Maria Salus Populi Romani: "À delegação que veio da Alemanha eu entrego hoje também o ícone de Maria. De hoje em diante, juntamente com a Cruz, este ícone acompanhará as Jornadas Mundiais da Juventude. Será sinal da presença materna de Maria junto aos jovens, chamados, como o apóstolo São João, a acolhê-la em suas vidas" (Angelus, XVIII Jornada Mundial da Juventude, 13 de Abril de 2003). A versão original do ícone está na Basílica de Santa Maria Maior, em Roma.

Muitos são os testemunhos de pessoas que foram profundamente tocadas pelo encontro com a Cruz: nos últimos anos, esses testemunhos foram ainda mais numerosos ou, quem sabe, tiveram uma maior difusão através da internet. Estes podem encontrar-se no Centro Internacional São Lourenço, morada habitual da Cruz, mas também em revistas e publicações dedicadas à JMJ. Alguns perguntam-se como é que duas peças de madeira podem ter tal efeito sobre a vida de uma pessoa; apesar disso, onde quer que vá a Cruz, as pessoas pedem que ela possa regressar. Nesta Cruz vê-se a presença do Amor de Deus. Através desta Cruz, muitos jovens chegam a compreender melhor a Ressurreição e alguns reconhecem o valor de tomar decisões a respeito da sua vida.

PERCURSO DA CRUZ E DO ÍCONE PELO MUNDO:

1984 - Motivado pelo Ano Santo da Redenção, o Papa João Paulo II decidiu colocar uma cruz de quase 4 metros de altura perto do Altar-mor da basílica de São Pedro. Ao finalizar o Ano Santo, entregou-a aos jovens do mundo com estas palavras: "Levai-a pelo mundo como sinal do amor do Senhor Jesus".

1985 - Ao ouvir as noticias das primeiras viagens da Cruz, o Papa pede que seja levada a Praga, ainda sob a cortina de ferro. Nesse ano celebrava-se o Ano Internacional da Juventude da ONU e, no Domingo de Ramos, 300.000 jovens participaram num encontro com o Papa, em São Pedro. Em Dezembro, anunciou-se a instituição das Jornadas Mundiais da Juventude em cada Domingo de Ramos.

1987 - Celebra-se a primeira JMJ fora de Roma, em Buenos Aires - Argentina. A Cruz pisa a América pela primeira vez.

1989 - A Cruz visita Espanha pela primeira vez, para a JMJ de Santiago de Compostela; e Ásia.

1992 - A Cruz é confiada pela primeira vez aos jovens da Diocese que será sede da próxima JMJ (Denver - Estados Unidos); visita também a Austrália pela primeira vez.

2002 - Fazendo uma paragem na sua peregrinação pelo Canadá, a Cruz dos jovens visita o Grown Zero de Nova York. Foi levada desde Montreal a Toronto a pé, num trajecto que durou 43 dias.

2003 - No final da Missa de Ramos, na qual os jovens canadianos a entregaram aos alemães para a JMJ de Colónia, o Papa entregou também uma cópia do ícone de Maria Salus Populi Romani e, desde então, peregrinam juntos a Cruz e o Ícone.

2006-2007 - Antes de chegar à Austrália, para a JMJ de 2008, a Cruz e o Ícone percorreram vários países da Ásia, África e Europa.

2008-2010 - A Cruz peregrinou por diferentes lugares, como a Aquila (Itália), depois do terramoto que assolou a região dos Abruzzos. Durante a celebração na Praça de São Pedro, no Domingo de Ramos de 2009, Bento XVI entregou a Cruz e o Ícone da JMJ aos Jovens madrilenos, que peregrinaram até Roma para a ocasião.

Na actualidade, a Cruz e o ícone da JMJ encontram-se em peregrinação pela Arquidiocese de Madrid, para posteriormente o fazerem pelas dioceses espanholas.

Jornada Mundial da Juventude Madri 2011 (JMJ Madrid11)


João Paulo II, patrono da JMJ


O futuro beato acompanhará os santos espanhóis como intercessor da Jornada

Madrid, 14 de Janeiro de 2011.- João Paulo II, em cujo pontificado se começaram as Jornadas Mundiais da Juventude foi nomeado patrono da JMJ Madrid11, depois do anúncio da sua beatificação esta manhã, prevista para o próximo 1 de Maio.

O cardeal Rylko, presidente do Conselho Pontifício para os Leigos, ‘ministério’ vaticano encarregado das Jornadas Mundiais, tornou pública esta notícia perante mais de 200 delegados de todo o mundo reunidos em Madrid para preparar a próxima Jornada. O cardeal Rylko recordou como Karol Woytila se considerava “amigo dos jovens” e mostrou uma grande alegria “por poder comunicar a notícia durante esta reunião de delegados”. Os assistentes receberam em pé com emoção e um longo aplauso este anúncio.

Dom César Franco, coordenador geral de Madrid11 e bispo auxiliar de Madrid, anunciou de seguida que o anterior Papa será nomeado patrono da JMJ. Desta forma o próximo beato é acrescentado à lista dos grandes santos espanhóis intercessores desta edição: santo Isidro Labrador, santa Maria de la Cabeza, santa Teresa de Jesus, santo Inácio de Loyola, são Francisco Xavier, são João da Cruz, são João de Ávila, santa Rosa de Lima e são Rafael Arnáiz.

João Paulo II mostrou sempre a sua predilecção pelos jovens. Em 1985, ano em que teve lugar a primeira JMJ afirmou: “toda a Igreja tem de se sentir cada vez mais comprometida a nível mundial a favor da juventude, das suas ânsias e preocupações, das suas aberturas e esperanças, para corresponder às suas expectativas, comunicando a certeza que é Cristo”.

Fonte:http://www.madrid11.com

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Batismo do Senhor



Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.


Pelos evangelhos, constata-se que o ministério público de Jesus tem início a partir de seu batismo, ministrado pelo precursor, São João Batista, daí a importância de João Batista no projeto de Deus.

Jesus, reconhecendo a autenticidade do anúncio do Batista, abandona a sua rotina de vida em Nazaré da Galiléia e vai ao encontro dele na região do além-Jordão, para receber o batismo.

João Batista anunciava a conversão à prática da justiça como caminho para remover o pecado do mundo. A aspiração a uma realidade de justiça e paz já está presente em alguns textos do Antigo Testamento, quando o povo vivia oprimido e explorado, primeiro pelas cortes reais e, depois, pelas elites religiosas que dirigiam o Templo de Jerusalém.

Ao pedir o batismo de João, Jesus diz que “é assim que devemos cumprir toda a justiça!” Depois de ser batizado, o seu gesto é confirmado pelo Espírito Santo e pelo Pai, com a proclamação: “Este é o meu Filho amado; nEle está meu pleno agrado”. Jesus, assumindo e renovando a mensagem de João Batista, declara a conversão com a prática efetiva da justiça como vontade do Pai e como bem-aventurança pela qual se entra em comunhão de vida eterna com Deus. Mais tarde, Pedro, fiel ao Mestre, afirma ainda, em casa de Cornélio: “Estou compreendendo que Deus não faz discriminação entre as pessoas”. Pelo contrário, Ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença. Esta é a verdadeira perspectiva universalista, em que todo aquele que se empenha na luta pela justiça, cultivando a vida, é agradável a Deus e entra em comunhão com Ele, em qualquer época, povo ou nação.

O Batismo nos mergulha no coração do mundo e nos faz irmãos de cada ser humano, à semelhança de Deus. O Espírito Santo que em nós foi derramado no dia de nosso batismo arde e nos aquece, tornando-nos capazes de assumir todas as esperanças humanas.

O Batismo é um símbolo da identidade de Jesus por meio de sua missão, assim como nosso próprio Batismo é também o símbolo de nossa identidade cristã. O cristão enfrenta, em condições humanas, desafios e lutas, além do pecado. E o fato de ser cristão não o preservará de qualquer miséria, dor ou tentação. Mais do que isso, ele deve estar sempre cheio de esperança para poder inspirar os outros e criar um mundo melhor.

Precisamos estar sempre conscientes de que, pelo Batismo, temos o Espírito Santo em nossa companhia e precisamos nos esforçar por agir com justiça e solidariedade, a fim de fazermos jus a sua presença entre nós. E a grande novidade que o Batismo traz é que todos nós temos a responsabilidade, como discípulos-missionários, de anunciar Jesus Cristo ao mundo.