Sagrado Coração de Jesus.

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sábado, 22 de janeiro de 2011

OBJECTO DA CATEQUESE:


Mostrar a existência pessoal como resposta a um chamamento de Deus

OBJECTO DA CATEQUESE:
Mostrar a existência pessoal como resposta a um chamamento de Deus: a vida de filhos de Deus no seguimento de Jesus, participando da sua missão.
Meditar as passagens do Evangelho que ajudam a discernir os sinais do chamamento de Deus e convidam a responder com prontidão e alegria.

SÍNTESE:
1. O inconformismo, a radicalidade, a procura de autenticidade, são sentimentos que podem dinamizar o processo de crescimento e maturação.
2. Na origem da nossa vida há um chamamento; viver é responder. Criados à imagem de Deus, chamados a ser seus filhos, encontramos no seu Filho Jesus o esclarecimento do nosso destino.
3. O chamamento de Jesus mantém vivo o chamamento à existência e, ao mesmo tempo, concretiza-o. Responde às nossas perguntas e, ao mesmo tempo, abre-nos a novas metas.
4. Jesus torna os seus discípulos participantes da missão que o Pai lhe tinha confiado. O chamamento de Jesus é sempre para dar a vida: seja no sacerdócio ministerial, na vida de especial consagração ou na família cristã.
5. A resposta é livre, como livre é a iniciativa divina. A resposta positiva leva a abrir-nos a metas sempre novas, sempre mais altas.

TEXTO:

1. João Paulo II aos jovens:“Na realidade, é a Jesus a quem procurais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera quando não vos satisfaz nada do que encontrais; é Ele a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com essa sede de radicalidade que não vos permite ceder ao conformismo; é Ele quem vos incentiva a deixar as máscaras que muitas vezes falseiam a vossa vida; é Ele que vos lê no coração as decisões mais autênticas que outros tentam sufocar. É Jesus que suscita em vós o desejo de fazer da vossa vida algo grande, a vontade de seguir um ideal, a força de rejeição de vos deixardes levar pela mediocridade, a valentia de vos comprometerdes com humildade e perseverança a melhorar o vosso próprio ser e a sociedade, tornando-a mais humana e fraterna. Queridos jovens, (JOÃO PAULO II, Jornada mundial da Juventude, Roma, Agosto, 2000).

Cada um de vós tem que parar e pensar se são estes os sentimentos que mais frequentemente ocupam o seu coração: sonhar com a felicidade, sentir insatisfação com o que se vê em redor, sentir-se atraídos pela beleza, ter sede de radicalidade, deixar as máscaras que falseiam a vida, fazer da vida algo grande, seguir um ideal, fazer uma sociedade mais humana e fraterna. Cada um tem que parar e pensar se verdadeiramente se sente insatisfeito, se vive à procura de algo que preencha a sua vida.

João Paulo II não se limitava a afirmar o que com toda a probabilidade eram os sentimentos mais comuns dos jovens. Interpretava esses sentimentos e revelava o seu significado: “É Jesus a quem procurais, é Ele que vos espera, é Ele a beleza que vos atrai, é Ele quem vos provoca, é Ele quem vos dá força para deixar as máscaras, é Ele quem vos lê o coração, é Jesus quem suscita em vós o desejo. Dizendo sim a Cristo, dizeis sim a todos os vossos ideais mais nobres. Não tenhais medo de vos entregar a Ele. Ele vos guiará, vos dará a força para o seguir todos os dias e em cada situação.”

O chamamento de Jesus ressoa dentro de nós mesmos, na nossa própria vida. Na nossa insatisfação, na nossa busca, nos nossos desejos de radicalidade e de algo grande, podemos reconhecer a pergunta que fez Jesus aos discípulos de João Baptista, quando o seguiam sem saber para onde: “Que procurais?” (Jo 1,37). E podemos reconhecer também a resposta, que acertadamente, deram os discípulos: “Mestre, onde moras?” (Jo 1,39). Deixaram-se atrair por Jesus e consentiram em segui-lo.

2. Escutamos a palavra de Deus (Mc 1, 16-20; Lc 9, 59-62; Jo 1, 35-42)

EXISTIR É RESPONDER A UM CHAMAMENTO
A nossa existência não é puro azar, não fomos arrastados para o mundo, não existimos por casualidade ou por um absurdo. O Senhor tem um plano para cada um de nós, conhece-nos e chama-nos pelo nosso nome. Conta connosco para nos confiar uma missão: é o que estamos chamados a fazer na vida para tecer a história e contribuir para a edificação da sua Igreja, templo vivo da sua presença.

Na origem da nossa vida há um chamamento. Viver é percebê-lo, permanecer à escuta, ser valentes e generosos para responder. No final da nossa existência na terra seremos considerados servos fiéis que aproveitaram bem os dons que receberam.

CHAMADOS A VIVER COMO FILHOS DE DEUS
Fomos criados à imagem de Deus, para ser seus filhos, unidos pela acção do Espírito Santo a Jesus Cristo, que é o Filho. Estamos tão fortemente chamados a viver unidos a Jesus Cristo, que só na medida em que O conhecemos é que nos entendemos a nós mesmos e compreendemos o nosso destino. O Concílio Vaticano II disse-o assim: “O mistério do homem só se esclarece no mistério de Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem” (Gaudium et spes 22). “Desde que existo, a minha existência não tem outro fim que não o próprio Cristo”, dizia o teólogo Henri de Lubac.

Sim, como filhos de Deus, estamos chamados a viver unidos a Jesus Cristo, o primeiro passo da nossa resposta é o Baptismo, pelo qual fomos feitos membros do seu Corpo. N’Ele se vai formando o povo dos chamados. A Humanidade inteira vai realizando em Cristo o destino a que está chamada como povo, como comunidade.

Ninguém melhor que Jesus Cristo, o Filho Eterno de Deus feito homem, nos pode falar e reproduzir, em nós próprios, a imagem de filho. Por isso nos convida a segui-lo, a ser como Ele, a partilhar a sua vida, a sua palavra, os seus sentimentos, a sua morte e ressurreição. O Filho de Deus fez-se homem para que o chamamento de Deus ressoe sempre em nós. Não existe uma só parábola no Evangelho, ou um encontro ou um diálogo, que não tenha um sentido vocacional, que não expresse, directa ou indirectamente, um chamamento por parte de Jesus. Segundo os relatos dos evangelhos, parece que Jesus deixa sempre a quem se encontra com Ele a mesma preocupação: “que fazer da minha vida?, qual é o meu caminho?”

CHAMADOS POR JESUS
A relação de Jesus com os seus seguidores não era como a dos restantes mestres. A forma como Jesus chamou os seus discípulos, a finalidade da dita chamada e as consequências que teve na vida daqueles que o seguiram são os maiores rasgos de novidade da experiência dos discípulos que encontramos no Evangelho.

O habitual era que um jovem buscasse uma escola ou um mestre para se fazer discípulo. Os discípulos dos rabinos procuram algo que lhes permita adquirir competências suficientes para rapidamente chegarem a mestres. Contudo, os discípulos de Jesus são eleitos. É Jesus quem dá o primeiro passo, chamando-os pessoalmente. É Ele quem chama e põe condições (Mc 1,16-20; Lc 9,59-62) com uma autoridade pouco comum.

Jesus não ensina uma doutrina, antes pede uma adesão incondicional à sua pessoa para fazer a vontade de Deus. Em nenhum dos grupos religiosos da época encontramos uma exigência de adesão pessoal como encontramos em Jesus. O imperativo Segue-me! constitui o núcleo do seu chamamento. Seguir Jesus constituirá o centro do estilo de vida dos seus discípulos. Ele sempre será o Mestre, e os chamados sempre serão discípulos.

A iniciativa de Jesus de chamar os discípulos e a autoridade com que chama revelam uma consciência singular de si mesmo. Ao actuar assim, Jesus situa-se no mesmo lugar que ocupa Deus nos relatos do Antigo Testamento, naqueles que se narra o chamamento de líderes e profetas do povo para uma missão concreta.

Chama a todos. É um chamamento universal. Rompe as barreiras do puro-impuro, pecadores-fiéis. Chama os publicanos que estão distantes da comunidade, inclusive os zelotas, ou aos simples pecadores iletrados. E a alguns chama-os para uma missão concreta.

A alguns, diz o evangelho de são Marcos, chamou-os para que “ficassem com ele e para os enviar a pregar”. Em primeiro lugar, para que estabelecessem uma nova relação com ele, uma relação que implica não só a aprendizagem da sua doutrina, como também partilhar o seu estilo de vida e identificar-se com o seu destino. Esta identificação com Jesus é, além disso, a condição para que os discípulos possam ser enviados a anunciar e tornar presente o reino de Deus.

O chamamento de Jesus inclui uma missão ou serviço: ser pescadores de homens, anunciar o reino de Deus.

O chamamento é urgente. A resposta deve ser rápida e sem reservas. Não valem recusas subtis, nem fazer-se de surdo. Perante a sua chamada não se pode falsear nada nem tomar tempo algum para fazer tarefas humanas. Ao chamamento de Jesus para o Reino os discípulos respondem imediatamente e com toda a sua vida.

Essa missão dos discípulos comporta o mesmo risco a que esteve sujeito o mestre.

JESUS RESPONDE ÀS NOSSAS PERGUNTAS
“Vinde e vereis” (Jo 1,39). Assim responde Jesus aos dois discípulos de João Baptista, que lhe perguntavam onde vivia. Nestas palavras encontramos o significado do ser discípulo de Cristo. Nesta cena tão comovedora reconhecemos todo o mistério da vocação cristã.

Os discípulos seguiram Cristo. Seguir Jesus é a expressão evangélica escolhida para designar o discipulado. Segue-se uma pessoa, e não um programa ou ideologia. Quando Jesus fala de atitude dos seus discípulos para com ele, Jesus diz: “seguir”. Como as ovelhas seguem o pastor (Jo 10,4.5.27). Seguir Jesus é confiar n’Ele, deixar-se iluminar por Ele: “Aquele que me seguir não caminhará nas trevas, antes terá a luz da vida” (Jo 8,12). A “obra” principal que o Pai pede a quem segue o seu Filho é que “creiam n’Ele” (Jo 6,29).

Os dois discípulos são convidados a seguir Jesus, vivendo com Ele e como Ele. É o chamamento que Jesus faz a todos os homens e mulheres. Um chamamento que, para ser escutado, requer procura e generosidade. De outro modo dificilmente será perceptível.
O cristianismo conquista os apaixonados pela verdade e pelo amor. Há mil e uma maneiras de procurar. Mas todos os corações anseiam o mesmo. Chama-se felicidade, amor, alegria, razões para viver, etc. São nomes mais ou menos felizes. Todos os nascidos de mulher, sabendo-o ou não, procuramos o mesmo.

Isso, atrás do qual o coração anda ansioso, tem um nome, toma forma, deixa-se ver, pode-se dizer que passa à nossa frente. Um verdadeiro cristão é aquele que se encontrou com o rosto de Jesus Cristo e este encontro não o deixou indiferente. Atrever-nos-emos a avançar pelo caminho que se abre à nossa frente? Seremos capazes do seguimento sincero e generoso de Jesus Cristo?

JESUS CHAMA A DAR A VIDA
Experimentaram-no os primeiros discípulos e todos os que o seguiram depois. Seguir Jesus consiste em compartilhar o seu próprio destino, em ser e fazer como Ele. Mais concretamente: viver a sua própria relação com o Pai e com os homens, seus irmãos. Os discípulos de Jesus aceitam a vida como um dom recebido das mãos do Pai, para “perdê-la” e derramar este dom sobre aqueles que o Pai lhes confiou.

A vida toda de Jesus, e todo o seu ser, gira em torno da missão. É nela que se concentra e se expressa a sua obediência ao Pai e o seu amor tão radical aos irmãos: “ninguém tem maior amor que este: o de dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).

Jesus torna os seus discípulos participantes da missão que recebeu do Pai. “Como o Pai me enviou a mim, também eu vos envio a vós” (Jo 20,21). Somos chamados, portanto, a reproduzir e a reviver os sentimentos do Filho, que se sintetizam no amor. Mas somos chamados a torná-lo visível de diversas formas, segundo as circunstâncias concretas, os dons recebidos, o modo de participar de cada um na missão de Jesus.

As modalidades serão diversas, mas a vocação fundamental dos discípulos é única: entregar a própria vida como fez Jesus. O envio é, com efeito, o mandamento da tarde de Páscoa (Jo 20,21), a última palavra antes de subir ao Pai (Mt 28,16-20).

JESUS CHAMA HOJE
“Jesus, ao convidar o jovem rico a ir muito mais além da satisfação das suas aspirações e projectos pessoais, diz-lhe: ‘Vem e segue-me’. A vocação cristã nasce de uma proposta de amor do Senhor e só pode realizar-se graças a uma resposta de amor: ‘Jesus convida os seus discípulos ao dom total da sua vida, sem nenhum interesse humano, com uma absoluta confiança em Deus.

Os santos acolhem este convite exigente e, com humilde docilidade, seguem Cristo crucificado e ressuscitado. A sua perfeição, na lógica da fé que muitas vezes não se compreende bem, consiste em deixar de se colocar no centro e eleger avançar contra a corrente, vivendo segundo o Evangelho.’

Seguindo o exemplo de tantos discípulos de Cristo, acolhei vós também com alegria, queridos amigos, o convite a segui-lo para viver intensamente e com fecundidade neste mundo. Pelo Baptismo, com efeito, chama a cada um de nós a segui-lo através de acções concretas, a amá-lo acima de tudo e a servi-lo nos nossos irmãos. O jovem rico, infelizmente, não acolheu o convite de Jesus e foi embora muito triste. Faltou-lhe a valentia para se desprender dos bens materiais e encontrar o bem incomparável que Jesus lhe propunha.

A tristeza do jovem rico do Evangelho é a que nasce no coração de cada um quando não se tem a valentia de seguir Cristo, de eleger a melhor opção. Mas nunca é demasiado tarde para lhe responder!

Jesus não deixa de voltar o seu olhar de amor e de convidar a ser seus discípulos, mas a alguns propõe-lhes uma opção mais radical.

Neste Ano Sacerdotal, queria exortar os jovens e adolescentes a estar atentos para saber se o Senhor não os está a convidar a um dom maior, pelo caminho do sacerdócio ministerial, e a estar disponíveis para acolher com generosidade e entusiasmo este sinal de predilecção particular, empreendendo o necessário caminho de discernimento com um sacerdote ou com o seu director espiritual.

Não tenhais medo, queridos e queridas jovens, se o Senhor vos chama para a vida religiosa, monástica, missionária ou de especial consagração: ele sabe dar uma profunda alegria a quem lhe responde com valentia.

Convido, além disso, os que sentem a vocação ao matrimónio a agarrá-la com fé, comprometendo-se a construir bases sólidas para viver um grande amor, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja.” (BENTO XVI, Mensagem aos Jovens na XXV JMJ, 2010).

3. A nossa resposta
UM ENCONTRO DE DUAS LIBERDADES
A história de toda a vocação cristã é a história de um diálogo entre Deus e o homem, entre o amor de Deus que chama e a liberdade do homem que responde a Deus no amor. Um encontro de duas liberdades. Nada mais sagrado, nada que exija mais respeito.
A intervenção livre e gratuita de Deus que chama é absolutamente prioritária, anterior e decisiva. A primazia absoluta da graça na vocação encontra a sua proclamação perfeita na palavra de Jesus: “Não fostes vós que me escolhestes, fui eu que vos escolhi a vós e vos destinei para que deis fruto e o vosso fruto permaneça.” (Jo 15,16)

Essa primazia da graça requer do homem uma resposta livre. Uma resposta positiva que pressuponha sempre a aceitação e a participação no projecto que Deus tem sobre cada um; uma resposta que acolha a iniciativa amorosa do Senhor e chegue a ser, para todo o que é chamado, uma exigência moral vinculante, uma oferenda agradecida a Deus e uma total cooperação no plano que Ele prossegue na história. Na vocação brilham ao mesmo tempo o amor gratuito de Deus e a exaltação da liberdade do homem; a adesão à chamada de Deus e a sua entrega a Ele.

“Para acolher uma proposta fascinante como a que nos faz Jesus, para estabelecer uma aliança com ele, faz falta ser jovem interiormente, capaz de se deixar interpelar pela sua novidade, para empreender com ele novos caminhos. Jesus tem predilecção pelos jovens, como o manifesta claramente no diálogo com o jovem rico (cf. Mt 19, 16-22; Mc 10, 17-22); respeita a sua liberdade, mas nunca se cansa de lhes propor metas mais exigentes para a sua vida: a novidade do Evangelho e a beleza de uma conduta santa.

Seguindo o exemplo do seu Senhor, a Igreja tem essa mesma atitude. Por isso, queridos jovens, ela olha para vós com imenso afecto; está próximo de vós nos momentos de alegria e de festa, tal como nos momentos de dificuldade e de prova; sustém-vos com os dons da graça sacramental e acompanha-vos no discernimento da vossa vocação.”

É POSSÍVEL RESPONDER “NÃO”
O jovem rico aproximou-se de Jesus perguntando pelo que lhe faltava. Desde pequeno que cumpria os mandamentos. Mas quando o jovem pergunta sobre o que lhe faltava: “Que me falta ainda fazer?”, Jesus olha-o com amor e este amor encontra aqui um novo significado. Jesus responde: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres, e terás um tesouro nos céus, e por fim vem e segue-me!”.

O jovem é convidado a viver segundo a dimensão do dom, uma dimensão não só superior à das meras obrigações morais, como às vezes se consideram os mandamentos, mas profunda e fundamental. O jovem é convidado a passar da vida como projecto à vida como vocação.
O cristianismo só se pode viver em plenitude se se viver a partir do chamamento. “Se queres” diz o Senhor. Ele respeita a nossa decisão, a nossa liberdade.